No caminho de estrada de chão, com a aproximação da área de assentamento, casas começam a aparecer, entre terrenos sem cercas e pinturas do Che Guevara, chega-se ao Assentamento Conquista da Fronteira, localizado na cidade de Dionísio Cerqueira, extremo oeste catarinense.
A história de luta pela terra iniciou, segundo NEUDI GUINDANIN DA COORDENAÇÃO DO ASSENTAMENTO, na saída do regime militar e o início da democracia no Brasil, com os trabalhadores discutindo a importância da reforma ágraria, da luta por um pedaço de terra. No dia 25 de maio de 1985, segundo Guindani, foram ocupados vários latifúndios em SC, sendo que o movimento no estado foi o pioneiro pela luta pelas terras.
Hoje o MST já está em mais de 23 estados do país. As famílias que hoje estão assentadas no Conquista da Fronteira ficaram 3 anos e meio embaixo da lona nos acampamentos. Guindani ressaltou que o movimento pressionou o INCRA para que destinassem uma área que desse condições para se relacionar diferente com as famílias, trabalhando em um sistema de cooperação.
Aonde que no ano de 1988, o sonho de centenas de famílias que lutavam por um pedaço de chão, se realizou. Foram assentados na antiga linha Tracutinga, que era de um médico dono de várias fazendas improdutivas, hoje Assentamento Conquista da Fronteira, onde foi proporcionado à 59 famílias a chance de construir a vida produzindo alimentos.
A Cooper União é um exemplo de organização dos Sem Terra. A cooperativa é composta pelas 59 famílias do assentamento, onde são mais de 250 pessoas associadas. Cada um é remunerado conforme as horas trabalhadas. A estratégia é primeiro garantir a subsistência das famílias com alimentação de qualidade e, depois, industrializar a produção para a geração de renda. Ainda sobre a organização do assentamento, GUINDINI enfatizou que o assentamento tem uma direção política, que é onde são tratados assuntos sobre a educação, saúde, juventude, esporte e lazer.
Questionado sobre o atual governo, o integrante do movimento considera que foi o melhor governo, mas faz muitas críticas. Principalmente ao governo Lula, que havia prometido a reforma agrária dos sonhos, o que não aconteceu, segundo ele, grande parte devido a um congresso que não representa os anseios dos trabalhadores, já que grande parte dos deputados são ruralistas e empresários. Guindani considera que mesmo com tudo que faltou ser feito por esse governo, ainda foi dado um salto na reforma agrária.